Lianne La Havas e suas memórias agridoces de verão

Cantora, guitarrista e compositora. Lianne La Havas é o nome artístico de Lianne Charlotte Barnes nascida em Londres no dia 23 de agosto de 1989.
Ainda criança aos 7 anos, Lianne arriscou tocar o teclado de seu pai. E aos 11 compôs sua primeira música com uma guitarra que tinha em casa. Seu avó, seu pai e seu tio eram músicos, então ela cresceu dentro deste ambiente musical e era presenteada com discos quando criança.
E com o pai Henry Vlahavas de origem grega e a mãe Lorraine Barnes de origem jamaicana, a cantora desde cedo teve contato com muitas diversidades musicais, que acabou a influenciando na hora de compor suas músicas cheias de texturas, que levam uma pegada de Soul e Folk, acompanhada de sua voz marcante e enigmática atingindo notas perfeitas que parecem massagear nossos ouvidos.

"Eles amavam jazz e canções de todos os lugares, incluindo música brasileira. Minha mãe adorava soul, R&B, dance dos anos 80 e 90. Eu sou agradecida por ter sido criada por eles."

Inclusive ela é fã de Gilberto Gil e disse que ele faz o tipo mais maravilhoso de música que ela já ouviu na vida.

E iniciando sua carreira como vocal de apoio da Paloma Faith, Lianne aprendeu bastante sobre a indústria musical e ganhou experiência durante o tempo em que esteve em turnê com a banda da cantora. E em 2010 ela assinou contrato com a Warner Bros, e lançou o EP " Lost & Found", com quatro faixas contendo o dueto com Willy Mason, em outubro de 2011. Mas ela ainda passou bastante tempo desenvolvendo suas habilidades de compositora, para só então em 2012 vir a lançar seu primeiro álbum "Is Your Love Big Enough?", que lhe rendeu uma indicação como aposta de 2012 na lista da BBC, e a escolha como "Álbum do Ano de 2012" pelo iTunes, além de ter ficado em quinto lugar nas paradas do Reino Unido. E suas duas maiores inspirações para o album foram as cantoras Nina Simone e Lauryn Hill.

Seu segundo álbum "Blood" veio em julho de 2015, e lhe rendeu uma indicação ao Grammy na categoria Melhor Álbum Urbano Contemporâneo.  
E o título veio após uma música que ela havia escrito tempos atrás, cujo a primeira frase tinha a palavra blood, que significa sangue. E ela acabou gostando do conceito que foi ressignificado por ela como família, legado e raízes.
E indo passar férias na Jamaica para conhecer o lugar onde estava suas origens, ela começou a escrever as músicas do álbum e percebeu que pareciam ser sobre sua família e sentiu também que precisava cantar sobre sua avó, que faleceu quando ela tinha 13 anos e teve forte influência na sua criação. E adicionando ainda traços de sua origem grega, o álbum ganhou vida com uma personalidade ousada, única e forte comparado ao anterior. 
Quanto à capa ela disse que queria que fosse algo que representasse também a Grécia e mostrasse quem ela é, e de onde veio. E no geral ela conclui que sente que a inspiração para todo o seu trabalho vem do mundo ao seu redor.

"Eu fico feliz de me expressar. Para mim, a música é a forma mais satisfatória de fazer isso. Mostra quem eu sou e não tenho medo de me expor, e esta é a prova disso."

Um dos principais singles é a faixa "Unstoppable", que demorou apenas dois dias para ser criada e descreve a sensação de se sentir fora de controle ao terminar o namoro com seu namorado e acabar sempre voltando para ele depois. 

Em 2016, a cantora foi a atração de abertura nos shows do Coldplay no Brasil, que aconteceram no Rio de Janeiro e São Paulo. E ná época ela disse que amava mostrar sua música para quem ainda não havia ouvido e que adorava a liberdade de usar sua voz.
Mas nem sempre foi assim e quando Lianne fez sua primeira turnê ela não acreditava que as pessoas viriam para assistir seu show, e ficou tão feliz quando viu o lugar cheio que sentiu a necessidade de criar uma memória visual para guardar aquilo para sempre. E desde então ela tem o hábito de registrar selfies em seus shows como uma tradição, e posta em sua conta no instagram.

À respeito de sua construção de estilo ela disse:

"Quero que minha aparência reflita minha personalidade e, portanto, também a personalidade da música. Eu chamaria isso de eclético, o que sinto como sempre fui, mas nunca soube me expressar fisicamente antes. Como fiquei um pouco mais madura, ocorre mais naturalmente. Eu sei do que gosto agora, e isso é basicamente tudo. Não há problema em gostar de tudo, e não há problema em expressar isso."

E com esse gosto eclético não só na aparência, mas também na música ela diz ouvir desde o rapper Kendrick Lamar à cantora de Jazz Ella Fitzgerald. Mas ela também é admirada por grandes músicos como Steve Wonder e o icônico Prince, cujo ela colaborou no álbum de 2014, "Art Official Age" do cantor e multi-instrumentista, que faleceu em 2016.
E ela disse que trabalhar com o Prince foi incrível e que se sentiu muito especial. Além de que ele é tudo o que ela quer ser um dia.

Lianne deu uma pausa de 5 anos, vindo a aparecer somente em 2019 com sua participação na música "Feel" de Jacob Collier. Mas em fevereiro de 2020 ela lançou um novo single de volta às origens no soul melancólico "Bittersweet", que eu não paro de ouvir desde então.

E em seguida ela lançou mais dois singles: "Paper Thin" e "Can't Fight", que até então na época eram só um aquecimento para seu terceiro álbum, que veio a ser lançado no dia 17 de julho um mês antes de seu aniversário.

“Este é meu primeiro álbum totalmente produzido por mim com minha própria banda. Eu fiz tudo do meu jeito, todas as decisões que você ouve neste álbum foram minhas. Eu sou uma mulher agora, então sou menos tímida, e menos tímida para dizer certas coisas. E não há certo ou errado quando é o seu álbum, então eu estava abraçando muito esse fato também."

Auto intitulado com seu nome, o álbum "Lianne La Havas" contém músicas que se misturam entre o neo-soul e o folk que ela já tem o hábito de trabalhar, mas dessa vez ela também trouxe um pouco de pop, de uma maneira mais refinada ao meu ver. 
O álbum contém 11 faixas, sendo 10 músicas de sua autoria e um cover do RadioHead.
E com letras mais íntimas e indo mais para o lado pessoal ela conta à respeito de um relacionamento que tinha dado certo no início, mas que depois teve um fim, deixando somente as memórias agridoces como é retratado em "bittersweet", música que abre o álbum. E que para mim ressignificou as chamadas "músicas de verão", que geralmente são mais animadas e etc, mas Lianne conseguiu mostrar que uma vibe mais melancólica também pode ser bem a cara do verão. Talvez um verão mais britânico eu diria.

Ela disse ainda que o conceito deste álbum é o ciclo das flores que passam por todo um processo até desabrocharem, e que acredita que você precisa chegar no seu pior para se reerguer e se reinventar.

Não parando por aí  Lianne colaborou na música "Woman" de Nao e seu lançamento mais recente ainda em 2020 foi o mini EP que leva o nome de "Live at the Roundhouse", que contém performances ao vivo que a cantora fez de um local de Londres, com as faixas "Seven Times", "Paper Thin", "Courage", "Bittersweet" e a última música sendo "Midnight" do álbum "Blood". 
E ainda se apresentou de casa no programa Late Night de Stephen Colbert, na série #PlayAtHome. Afinal não era possível fazer uma turnê de shows e nada muito presencial que não fosse nas redes sociais devido ao covid-19.


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Lianne La Havas e suas memórias agridoces de verão Lianne La Havas e suas memórias agridoces de verão Reviewed by Jeciane Cruz on abril 24, 2021 Rating: 5

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